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Tecido conjuntivo: o que é, tipos e funções

A maioria dos tecidos conjuntivos formam-se do mesênquima (do grego mesos = meio; egchyma = infusão), um tecido embrionário originado da mesoderme e formado por um grupo de células imersas em uma substância viscosa. As principais exceções são os tecidos conjuntivos da face, da pele da cabeça e do pescoço, que se originam de células inicialmente derivadas da ectoderme.

Os tecidos conjuntivos caracterizam-se morfologicamente por apresentarem diversos tipos de células imersas em grande quantidade de material extracelular ou matriz, que é sintetizado pelas próprias células do tecido.

A substância extracelular é constituída por uma parte não estruturada, chamada substância fundamental amorfa (SFA) ou simplesmente substância fundamental e uma parte fibrosa, de natureza proteica, que são as fibras do conjuntivo.

Os diferentes tipos de tecido conjuntivo estão amplamente distribuídos pelo corpo, podendo desempenhar funções de preenchimento de espaços entre órgãos, de sustentação, de defesa e de nutrição.

Tipos de tecido conjuntivo

A classificação desses tecidos baseia-se na composição de suas células e na proporção relativa entre os elementos da matriz extracelular. Os principais tipos de tecido conjuntivo são: tecido conjuntivo propriamente dito, que pode ser frouxo ou denso; tecido adiposo; tecido cartilaginoso; tecido ósseo e tecido hematopoético.

1- Tecido conjuntivo propriamente dito

Corpo de mulher

O tecido conjuntivo é dividido em frouxo e denso (Foto: depositphotos)

Esse tecido sustenta e nutre tecidos que não possuem vascularização, como o epitelial. É encontrado abaixo do epitélio e em volta dos órgãos, funcionando como acolchoamento, preenchendo espaços e fazendo a ligação entre dois tecidos diferentes.

A substância fundamental é um gel formado por polissacarídeos com nitrogênio, como o ácido hialurônico, e proteínas ligadas a glicídios, no qual estão imersos três tipos de fibras:

  • Colágenas: feitas de um tipo de colágeno, proteína muito resistente à tração;
  • Elásticas: feitas de elastina, glicoproteína que cede à tração, mas retorna à forma original;
  • Reticulares: feitas de uma tipo de colágeno associado à glicoproteína, formando uma rede de sustentação em alguns órgãos, como o baço e a medula óssea. De acordo com a quantidade de fibras, esse tecido pode ser classificado em frouxo ou denso.

a) Tecido conjuntivo frouxo

O tecido conjuntivo frouxo preenche os espaços não ocupados por outros tecidos, apoia e nutre células epiteliais, envolve nervos, músculos, vasos sanguíneos e linfáticos. Também faz parte da estrutura de muitos órgãos e desempenha importante papel em processos de cicatrização.

É o tecido de maior distribuição no corpo humano. Sua substância fundamental é viscosa e muito hidratada. Essa viscosidade representa de certa forma, uma barreira contra a penetração de elementos estranhos no tecido. 

b) Tecido conjuntivo denso

No tecido conjuntivo denso há predomínio de fibroblastos (tipos celulares que produzem as fibras) e de fibras colágenas. É mais resistente por causa da maior concentração de fibras. Dependendo do modo de organização dessas fibras, o tecido pode ser classificado em:

  • Não modelado: formado por fibras colágenas dispostas em feixes que não apresentam orientação fixa. É encontrado na derme, formando cápsulas em órgãos como o fígado e o baço;
  • Modelado: formado por fibras colágenas dispostas em feixes com orientação fixa, dando ao tecido características de maior resistência à tensão do que a dos tecidos não modelado e frouxo. Ocorre nos tendões, ligando o músculo ao osso; nos ligamentos, ligando ossos entre si.

Células do tecido conjuntivo

A substância intercelular do tecido conjuntivo é fabricada pelos fibroblastos, que atuam na regeneração do tecido. No tecido conjuntivo que fica sob o epitélio há macrófagos (células de defesa que fagocitam micro-organismos, restos de células e partículas inertes que invadem o organismo) e plasmócitos (responsáveis pela produção de anticorpos, proteínas que atacam os germes invasores).

Os plasmócitos são formados a partir de linfócitos, glóbulos brancos que saem do sangue e invadem o tecido conjuntivo. Essa saída é facilitada pelos mastócitos. Essas células são responsáveis pela fabricação da histamina, substância que dilata os vasos; e pela heparina, substância anticoagulante que evita a formação de coágulos que podem ser nocivos.

Formação de cicatrizes

Mulher com cicatriz no colo

A queloide é o acúmulo de colágeno durante a cicatrização (Foto: depositphotos)

Quando há um corte na pele, os fibroblastos migram para a região danificada e produzem muitas fibras colágenas, promovendo o fechamento do corte.

A epiderme também começa a crescer por cima das fibras colágenas, mas se a lesão for grande, as células epiteliais não conseguem cobrir totalmente a área, deixando aparecer um pouco de colágeno. É esse colágeno que forma a cicatriz.

Em algumas pessoas, durante a cicatrização pode haver um acúmulo de colágeno, formando uma elevação chamada queloide.

2- Tecido adiposo

Mulher com gordura no corpo

O tecido adiposo tem a função de proteção contra traumas (Foto: depositphotos)

Nesse tecido a substância intercelular é reduzida e as células são ricas em lipídios (gordura), por isso são chamadas de células adiposas. Ocorre principalmente sob a pele, exercendo funções de reserva de energia, proteção contra choques mecânicos e isolamento térmico (proteção contra o frio).

Além disso, envolve diversos órgãos, como rins e coração, protegendo-os contra traumatismos durante os movimentos do corpo. Aparece ainda na cavidade de alguns ossos (medula óssea) e forma uma camada sob a pele, a tela subcutânea ou hipoderme.

Apesar de ter um papel importante, o tecido adiposo é indesejável em excesso. O acúmulo de gordura aumenta o peso e o volume corporal, sobrecarregando o sistema cardiovascular, entre outros.

3- Tecido cartilaginoso

Orelha de uma mulher

O tecido cartilaginoso pode ser visto compondo nariz e a parte externa da orelha (Foto: depositphotos)

O tecido cartilaginoso apresenta consistência firme, mas não é rígido como o tecido ósseo. Tem função de sustentação, reveste superfícies articulares facilitando os movimentos e é fundamental para o crescimento de ossos longos. Nas cartilagens não há nervos nem vasos sanguíneos.

A nutrição das células desse tecido ocorre por difusão, uma vez que as substâncias nutritivas, o gás oxigênio e os resultados de processos metabólicos dessas células são transportados por vasos sanguíneos do tecido conjuntivo adjacente. A cartilagem é encontrada no nariz, nos anéis da traqueia e dos brônquios, na orelha externa (pavilhão auditivo), na epiglote e em algumas partes da laringe.

No feto, o tecido cartilaginoso é abundante, pois o esqueleto é inicialmente formado por esse tecido, que depois é, em grande parte, substituído pelo tecido ósseo. Há dois tipos de células nas cartilagens: os condroblastos, que produzem as fibras e a substância fundamental e os condrócitos, células com baixa atividade metabólica, situadas no interior de lacunas no tecido. As fibras presentes neste tecido são as colágenas e as elásticas.

Dependendo do tipo e da quantidade de fibras presentes na cartilagem, ela pode ser classificada em: hialina, elástica ou fibrosa.

4- Tecido ósseo

Esqueleto humano

O tecido ósseo da origem ao sistema esquelético (Foto: depositphotos)

O tecido ósseo tem consistência rígida e função de sustentação. Ocorre nos ossos do corpo, onde é o tecido mais abundante. Os ossos são ricos em vasos sanguíneos e apresentam, além do tecido ósseo, tecidos  adiposo, cartilaginoso e nervoso.

O conjunto de ossos do corpo forma o sistema esquelético. As funções do sistema esquelético são: sustentação, movimentação do corpo, proteção de órgãos internos, armazenamento de minerais e íons e produção de células sanguíneas.

Além de atuarem na sustentação do corpo, os ossos são importantes nos movimentos, servindo de ponto de apoio para os músculos e protegendo órgãos vitais, como os contidos na caixa craniana e torácica e no canal raquidiano (situado na coluna vertebral e por onde passa a medula nervosa).

Os ossos funcionam também como reserva de cálcio no organismo. No interior de vários ossos existe a medula óssea, comumente chamada tutano. A medula óssea é um tecido mole responsável pela produção das células do sangue.

Nos tecidos ósseos de um adulto, a matriz óssea é formada por aproximadamente 50% de material inorgânico e 50% de orgânico. Dentre os materiais inorgânicos, o mais abundante é o fosfato de cálcio, que é responsável pela rigidez do tecido ósseo. O fosfato de cálcio está na forma de um cristal, a hidroxiapatita. Esse cristal vem sendo pesquisado para aplicação de enxertos nas cirurgias ortopédicas.

Dentre os orgânicos, 95% correspondem as fibras colágenas. As células do tecido ósseo são: osteoblastos, osteócitos e osteoclastos. 

Gigantismo e nanismo

Certos hormônios atuam sobre o tecido ósseo, um exemplo é o hormônio do crescimento produzido pela hipófise, o qual estimula o crescimento do corpo em geral, mas tem efeito acentuado sobre o disco epifisário.

Quando um indivíduo está em fase de crescimento e há falta desse hormônio, ocorre o chamado nanismo hipofisário. Quando a produção desse hormônio é excessiva ocorre gigantismo, onde há crescimento excessivo dos ossos longos.

Em adultos, cujos ossos não crescem mais em comprimento, se houver intensa produção de hormônio do crescimento, os ossos crescem em espessura, determinando uma doença chamada acromegalia. 

5- Tecido hematopoético

Medula óssea

No interior dos ossos, a exemplo da coluna, passa a medula óssea (Foto: depositphotos)

Também chamado de tecido hemocitopoético, hematopoiético ou hematopoético, esse tecido é responsável pela produção dos glóbulos do sangue. Há dois tipos desse tecido: medula óssea vermelha ou tecido mieloide e tecido linfático ou linfoide.

A medula óssea é encontrada no interior dos ossos. Ela contém células-tronco, chamadas células-tronco hematopoiéticas, capazes de originar todas as células do sangue. Atualmente se sabe que essas células têm o potencial de originar também células de outros tecidos do corpo.

No embrião, a maioria dos ossos possui uma medula ativa, de cor vermelha, mas à medida que o indivíduo cresce, a maior parte dessa medula passa a acumular gordura e para de produzir glóbulos, transformando-se em medula amarela. No adulto, a medula vermelha é encontrada nas costelas, nas vértebras, no esterno e nos ossos do crânio.

As hemácias, as plaquetas e a maioria dos glóbulos brancos são lançadas já prontas no sangue. Os linfócitos dirigem-se para órgãos com tecidos linfáticos, nos quais se reproduzem.

Referências

» JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Tecido conjuntivo. Histologia básica, v. 10, p. 92-124, 2004.

» DE SOUSA, Maria do Socorro Cirilo et al. Compreendendo o hormônio do crescimento nos âmbitos da saúde, desenvolvimento e desempenho físico. Conexões, v. 6, n. 3, 2008.

» GUIMARÃES, Daniella Esteves Duque et al. Adipocitocinas&58; uma nova visão do tecido adiposo Adipokines&58; a new view of adipose tissue. Revista de Nutrição, v. 20, n. 5, p. 549-559, 2007.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.